Mais de mil cientistas, incluindo dezenas de prémios Nobel, pedem ao Parlamento Europeu que apoie as novas técnicas genómicas

Mais de mil cientistas pedem ao Parlamento Europeu (PE) que vote a favor das novas técnicas genómicas (NTGs). Entre os cientistas que pediram o apoio ao PE estão 35 laureados com o Prémio Nobel. O pedido vem às vésperas de uma importante votação no PE sobre esta matéria.

No pedido feito em forma de carta aberta, e coordenado pela ONG ambientalista WePlanet, os cientistas apresentam-se como “cidadãos preocupados” que acreditam no “poder da ciência de melhorar a nossa vida e a nossa relação com o planeta” e urgem o PE a votar a favor das NGTs, de forma a alinhar as decisões políticas com os avanços do conhecimento científico. 

Os cientistas argumentam que o melhoramento convencional de culturas resistentes às alterações climáticas leva anos, décadas até, e que há plantas, como árvores de fruto, as videiras ou as batatas, cuja reprodução por meios convencionais é muito difícil, devido às suas características genéticas específicas. Coincidentemente, salientam na carta, essas culturas requerem a maioria dos pesticidas nocivos utilizados na União Europeia para proteção contra pragas e doenças.  Os cientistas apontam ainda que as NGTs podem melhorar drasticamente esta situação e a situação de culturas resistentes às alterações climáticas.

Entre os signatários da carta encontram-se Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna, contempladas com o Prémio Nobel de Química de 2020, pela descoberta do  CRISPR/Cas9, uma técnica central no debate sobre as NTGs. “A utilização do CRISPR-cas9 no melhoramento de plantas, argumentam os signatários, tem o potencial de reduzir drasticamente a utilização de pesticidas e fertilizantes na agricultura, aumentando simultaneamente a segurança alimentar através da criação de variedades de plantas resistentes ao clima.”, lê-se no comunicado de imprensa da WePlanet sobre a carta aberta.

Os cientistas alertam ainda para o custo para a economia europeia da não permissão das NTGs, citando um estudo que estima 300 mil milhões de euros em “benefícios perdidos” anualmente em vários setores. “Este é o custo de dizer “não” ao progresso científico.”, realçam na carta.

A carta aberta é enviada aos eurodeputados poucos dias antes da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar do Parlamento Europeu votar numa proposta da Comissão Europeia para excluir os NGTs das legislações restritivas a que estão sujeitos os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), na próxima quarta-feira, 24 de janeiro. Caso a proposta  passe no Parlamento, haverá votação no Parlamento de Estrasburgo a 5 de fevereiro. 

Leia a carta aqui.

P-BIO

22 de janeiro de 2024

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